quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Hoje eu decidi ser feliz!


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Hoje eu decidi ser feliz.- Decidi abandonar aquele peso que eu carregava, que me sufocava, me deixava preso e me impedia de voar. Decidi sair da gaiola e transgredir as normas. Cansei de ser normal, de ser igual, de ser mais um. Cansei das respostas, agora só me preocupo com as perguntas. Perdi-me nas certezas e encontrei-me na loucura.
Hoje eu decidi ser feliz.- Decidi abandonar todas as presenças ausentes. Cansei de estar rodeado de multidões e me sentir sozinho. Daqui pra frente só aceito olhares profundos, ouvidos atentos, línguas afiadas e abraços apertados. Quero ao meu lado apenas aqueles que se jogam no mar sem medo de se perder.
Hoje eu decidi ser feliz.- Decidi andar devagar, aproveitar o dia, esperar de mansinho a lua e sentir, entre as ondas que quebram na praia, as brisas que vem do oceano. Quero correr despreocupado pelo céu, descansar nas nuvens e beber água na fonte.
Hoje eu decidi ser feliz.-Decidi prestar mais atenção nas felicidades presentes nas pequenas coisas. Decidi entregar-me aos pequenos prazeres e ser rei apenas do meu reino. Entreguei-me voluptuosamente aos encantos da distração para não perder nesta terra escassa nenhum raro poço de alegria.
Hoje eu decidi ser feliz.-- Decidi superar todos os meus medos e as minhas vergonhas. Decidi largar a borracha e fazer de cada borrão um novo traço, mais vivo, mais marcante, mais vibrante de um quadro em constante transformação.
Hoje eu decidi ser feliz.- Decidi desbravar o mundo enquanto há tempo. Decidi lutar pelos meus sonhos, queimar o pé no asfalto, sentir a mão que afaga e ao mesmo tempo apedreja, pegar carona em balões de poesia e lutar contra as feras da selva de pedra.
Hoje eu decidi ser feliz.- Decidi aprender a sorrir mais para poder enxergar na queda o passo de dança. Enxergar o novo lance de escada para continuar a subir, a melodia do silêncio para continuar a cantar e o balanço da rede para adormecer as tormentas.
Hoje eu decidi ser feliz.- Decidi continuar a lutar por esse mundo vil e também encantador, que tanto me machuca e me alegra, que tanto me castiga e me nina, que tanto me manda embora e me prende em teus braços para que jamais encontre morada em outro lugar.
Hoje eu decidi se feliz.- Decidi me perder nas linhas tortas do destino ou ser mochileiro de uma estrada sem rumo. Decidi explorar meus avessos, ter coragem infantil, vislumbrar o impossível e ser maluco o bastante para sempre acreditar no futuro.

Hoje eu decidi viver e lutar pela vida. Decidi enfrentar a minha tragédia fantasiado de palhaço para sempre rir por mais que o choro seja inevitável, para rir por mais que o choro seja seco, para rir e sempre lembrar que por mais dura que esta terra seja, sempre haverá poetas que jamais se esquecem de sorrir e enquanto estes existirem, sempre haverá uma nova aurora para nascer, um novo hoje a recomeçar e um novo dia para buscar o destino de felicidade do universo.

domingo, 27 de agosto de 2017

Aldeia do Xisto Cerdeira - Lousã

Para passar um bom fim de semana: Ao entrarmos na Cerdeira, descendo até ao pequeno regato, deparamos com o perfil desalinhado das construções. O tom dominante do xisto sobrepõe-se ao verde das encostas, ao azul do céu ou ao branco das nuvens. Imagem relacionada Os habitantes desta e de outras aldeias deverão ter frequentado a universidade da serra. Os edifícios foram implantados sobre um morro rochoso, não ocupando as escassas áreas mais planas que dedicaram à agricultura. Uma obra de engenharia rodeou a aldeia com uma escadaria de socalcos que seguram a terra que as chuvas e a erosão levavam encosta abaixo. A implantação e a arquitetura das construções parece que obedeceu a um plano que teve como objetivo maravilhar os visitantes no séc. XXI.
Moinhos de Gavinhos - Figueira de Lorvão - Penacova É uma região frequentemente visitada por turistas nacionais e estrangeiros que, subjugados à sua beleza encantadora, aqui vêm fotografar e filmar a serra, onde 14 moinhos de vento despertam atenção e interesse pela sua originalidade.
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Desta zona privilegiada se observam soberbos panoramas que os olhos não se cansam de admirar, tal a imponência do quadro que a Natureza pintou, ora pendurado na tela aulina do céu, ora espraiando-se por vales, montes e planícies, até à Figueira da Foz.
Olhando para as bandas da Ribeira e do Casal, enxerga-se, ao fundo, a mancha alvinitente de Penacova, com seu casario encastoado na vertente, mirando o rio que se espreguiça a seus pés.
Do outro lado, sempre com a brancura das velas enfunadas, cantando mágoas na mansão eólica do tempo, desenha-se a catadupa verdejante do arvoredo, com predomínio dos pinheiros e eucaliptos, pontilhada aqui e além, por pequeninas aldeias, onde vivem, trabalham e rezam almas simples e boas, que formam este formoso rincão da Beira.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Poesia da Semana: "O Teu Riso" (Pablo Neruda )



Recordando (Pablo Neruda)


“Teu riso”, um poema de Pablo Neruda capaz de tirar o fôlego de quem ouve ou lê

O teu riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

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domingo, 20 de agosto de 2017

Gougi - A Ilha abandonada que foi tomada pela Natureza



A Ilha Gougi fica situada em Shengsi, um arquipélago de quase 400 ilhas na foz do rio Yangtze, na China. A ilha fica numa região de pescadores e esconde um segredo. Uma vila de pescadores abandonada que está a ser tomada pela Natureza.

As seguintes fotos de Jane Qing mostram-nos como a Natureza pode ser fantástica, confere!











sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O nosso monstro chamado INDIFERENÇA


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Embora a vastidão do universo possa nos deixar completamente maravilhados, na maior parte do tempo, nos lembra quão minúsculos e finitos somos ante uma imensidão sem fim. Entretanto, o problema em si, talvez não esteja no tamanho do universo, e sim, na forma como vivemos nele. Para constatar isso, bastaria que as estrelas do céu fossem olhadas. Desse modo, verificaríamos que elas, por mais diferentes que sejam, estão agrupadas, usando cada uma a sua luz para iluminar a imensidão escura que nos cobre. E nós, de forma contrária, somos estrelas que solitariamente vivem. Amedrontadas com a escuridão que nos circunda e torna evidente a indiferença peculiar de todos os dias.
Vivemos como se fôssemos os únicos a pisar na terra. Andamos na rua, com pressa, bastante pressa, com o olhar fixo à frente, sem cometer o “deslize” de olhar para o lado. Olhos fixos, ensimesmados. Olhos fixos, que pouco enxergam e pouco sentem. Olhos fixos, como pinturas que demonstram corações ocos e almas tristes. Tristeza profunda, que exercita em nós uma força absurda para baixo, para os longínquos lugares de depressão. Mas, parece que nada disso nos incômoda a ponto de decidirmos mudar e virar um pouco à vista, para que possamos sentir a humanidade que tanto nos falta.
Talvez, já nem consigamos nos incomodar. Está tão impregnado em cada célula do nosso existir, em cada segundo do tempo que respiramos, que viver bem é ser indiferente, egoísta, cego para os outros; que a nossa capacidade de se incomodar, de sofrer, de questionar, de mudar, de olhar para além de si, deve ter sido expurgada do nosso domínio genético.
E, assim, preferimos continuar morrendo a cada dia: em silêncio. Ainda que não precise, já que ninguém consegue escutar o que vem do outro. Ninguém escuta, fala, responde, dialoga. O poeta que outrora disse que somos diálogos, hoje, diria que somos silêncios, que se entrecruzam sem se ver, sem se notar, sem se perceber, sem se importar. Mas, continuamos, apesar de toda tristeza que deixa a nossa alma a soluçar pelo insuportável frio que encontramos nas ruas.
Continuamos e perpetuamos um sistema de desvínculos, de indiferença, que nos torna ocos, inóspitos, solitários e profundamente desumanos. Um sistema que realça a nossa finitude e retira a capacidade de fazermo-nos divinos. Porque para que possamos sentir que aqui não estamos sós é preciso ser mais que um. É preciso sentir que as palavras são lançadas para o outro, a fim de tocá-lo, abraçá-lo e juntar os pedacinhos que foram condenados a viver separados.
É somente no contato com o outro que nos formamos, que somos gente. O divino, que faz-nos sentir mais do que “uma infinita solidão no universo, uma ridícula partícula de pó, alguma coisa além de um momentinho fugaz”, só é possível se o nosso olhar estiver despregado de nós mesmos, para que possamos enxergar as pontes que nos ligam, mas que – constantemente – vivem abandonas ou cercadas por muros.
A indiferença mata o outro, mata-nos. A cada instante, em cada esquina, em cada casa, em cada olhar inseguro, em cada alma cansada, em cada lágrima que cai, como um estilhaço que perfura e retira todo ânimo do nosso peito. A dor do outro é a nossa dor, a sua alegria é a nossa alegria, pois a sua humanidade é o que permite que a nossa exista, assim como, uma estrela precisa das outras para formar uma constelação e dar ao céu a luz necessária para que possamos nos banhar. Pena, é que estamos com cada vez maior dificuldade para perceber que também somos poeira estelar e que, portanto, sem a luz que existe no outro, estamos fadados a viver na escuridão completa, se bem que ela parece já existir com o frio nome de indiferença, que, ao percorrer os nossos espíritos, tem nos levado a cair e a transformar a nossa humanidade em completa ruína.

Por: Erick Morais