RESUMO
O Cais do Ginjal é um lugar de ruína, de abandono, de decadência. Todavia, continua a ser lugar de passagem.
O Ginjal é considerado um lugar de oportunidade, o qual necessita de uma nova força motriz que o faça voltar a
ser o cais fervilhante do passado.
Apesar de ser um local de inúmeras oportunidades, é também lugar de muitas condicionantes. Pela sua localização geográfica, muito próximo do rio Tejo, comprimido pela arriba fóssil, de cotas muito elevadas que se torna um elemento barreira entre este e a cidade de Almada; e pelo seu património edificado que preserva a memória do lugar. Assim, encontrou-se um sistema que se pensa capaz de resolver o problema encontrado no cais. Este sistema propõe a criação de um novo mercado, uma nova praça, um novo porto, zonas de cultivo para produção agrícola, novos acessos verticais entre a cota do cais do Ginjal e as cotas da arriba. A intervenção não é apenas ao nível do cais, mas à escala da cidade, começando na Quinta do Almaraz e culminando no novo ponto de venda do Cais do Ginjal, o mercado.
1. INTRODUÇÃO 1.1. OBJETO DE ESTUDO
O presente trabalho tem como objetivo responder ao exercício proposto no âmbito da disciplina de Projeto Final em Arquitetura 2, integrante no plano curricular do 2º semestre do 5º ano do Mestrado Integrado em Arquitetura do Instituto Superior Técnico, orientado pelo Professor Arquiteto Paulo David e pela Professora Doutora Daniela Arnaut. O objeto de trabalho prende-se com o Cais do Ginjal, um lugar de ruína, comprimido entre Almada e o Tejo. É ambicionada uma requalificação e revitalização deste lugar outrora palco de forte ocupação e atividade naval e industrial. Sob o tema “Construir nos limites, de encontro ao rio”1 , o Ginjal é apresentado como “núcleo urbano, produção industrial e estrutura portuária”2 . Apesar disso, o Ginjal caiu em decadência após a construção da ponte 25 de Abril, finalizada em 1966, e para muitos “grande símbolo de futuro”3 , mas que retirou a este cais a sua importância tanto como lugar de ligação fluvial, como lugar de passagem e lugar de permanência remetendo-o ao esquecimento e efetivo abandono. O cais localiza-se em Cacilhas, ladeando o rio Tejo e vivendo com este uma relação de grande proximidade. O tema de trabalho surge como meio de resposta a esta “área nevrálgica”4 , ao contexto urbano em que se insere e lança o desafio de potenciar as suas qualidades. Será por isso analisado, ao longo do presente relatório, tanto o contexto urbano de Cacilhas, como a localização do cais nesse contexto e ainda relação da Margem Sul, onde se encontra, com a Margem Norte. O cais, “preso” entre a cidade de Almada e o rio Tejo, embora se encontre num estado maioritariamente de ruína e de evidente decadência, é ainda local de passagem para muitos. Deve ser por isso, alvo de atenção e de estudo, de forma a que seja enquadrado no contexto urbano de Cacilhas. Assim, o Ginjal, é ao longo do processo deste projeto, pensado como lugar de oportunidade, potenciado de forma a integrar-se na dinâmica urbana em que se insere. O cais é encarado como lugar de acessibilidade fluvial, de acessibilidade e articulação com a cota superior da arriba fóssil, bem como uma nova centralidade urbana em Cacilhas.
1.2. MOTIVAÇÃO
Ao analisar o contexto em que se insere o Cais do Ginjal, surgem várias questões acerca do seu passado: o que o levou ao estado de decadência em que agora se encontra, como seria a vida, as interações de quem ali passou, viveu ou trabalhou anteriormente. Estas perguntas são o mote para o desenvolvimento deste trabalho. Após uma análise de Cacilhas é possível propor respostas às necessidades da sua população, da população futura e de possíveis visitantes. A motivação deste projeto prende-se com a vontade de tornar Cacilhas um novo posto de abastecimento da Margem Sul, tornando-a um centro urbano autossustentável, capaz de viver por si e de reduzir a dependência da Margem Norte. Para além das motivações relacionadas com a revitalização do Cais do Ginjal, pretende-se elaborar uma reflexão relativa ao binómio cidade-campo. Surgindo assim, não só a vontade trazer ao Ginjal uma nova vida, mas também uma massa produtiva sustentável que poderá alimentar Cacilhas num futuro não muito distante.
2.1. LOCALIZAÇÃO DO CAIS DO GINJAL Cacilhas foi, até 2013, uma freguesia do concelho de Almada, com cerca de 1,09 km2 e 6017 habitantes.10 O Cais do Ginjal situa-se em Cacilhas, junto ao rio Tejo, representando o espaço compreendido entre o porto de desembarque dos cacilheiros da Transtejo, até às escadas que ligam o cais ao Miradouro da Boca do Vento. É delimitado a norte pelo rio Tejo e a sul pela arriba fóssil. A envolvente acidentada do Ginjal (assumida pela arriba fóssil), contrasta com a sua cota, plana, tornando a arriba um elemento barreira na relação do cais com a cidade de Almada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de ao longo desta proposta apenas serem abordados alguns edifícios do Cais do Ginjal, a intenção aqui expressa é de esta ter uma continuidade ao longo do tempo e que a revitalização desta área do cais seja o mote para que surjam mais atividades comerciais, de serviços ou habitação, complementando o programa desenhado. Bem como a ideia cidade-campo, se possa estender a outras zonas da cidade de Almada e ao longo desta margem do rio Tejo. A proposta desenvolvida, não se limita, portanto, a resolver uma pequena parte do Cais do Ginjal, refletindo diversas preocupações quanto ao futuro do lugar. Uma das grandes inquietações relativas à localização da proposta deve-se à iminência de inundações devido à subida no nível as águas do mar. Optou-se aqui por uma opção de ataque ao rio, ganhando terreno sobre este, com o desenho da praça de chegada ao mercado, numa tentativa de salvaguardar o novo edificado proposto. A presente abordagem à revitalização deste troço do Ginjal, pretende deixar em aberto esta ideia de possível continuidade partindo das premissas estabelecidas. Por fim, é relevante salientar o desafio proposto pelo enunciado, que pressupunha uma grande liberdade de escolhas, tanto a nível da área de intervenção, como programaticamente. A resposta a estes desafios foi o sistema explicado ao longo do relatório que tem a grande ambição de mudar o paradigma atual do Ginjal, focando-se no binómio cidade – campo e incutindo-lhe uma capacidade revitalizadora do lugar.
- Planta Existente; Edifícios a demolir assinalados a cor
Ficam aqui apenas alguns pormenores deste estudo de Mestrado de Beatriz Martins.
Desculpem a franqueza mas no projecto tiveram em conta os 10 metros de subida do mar já garantidos por cientistas?
ResponderEliminarNão acham que é tempo de planear para um futuro e não simplesmente fazer edifícios para o lucro?