segunda-feira, 6 de maio de 2019

Porto Brandão, a Terra e o Tejo

O Nome:
O topónimo Porto do Brandão surge na carta de foral que o rei D. Manuel I deu a Almada em 1513, onde é referido como um dos limites do Reguengo de Caparica. Na origem do nome está o apelido Brandão, da família a quem pertenceu a Quinta da Azenha. Esta propriedade foi cabeça de morgado, pelo que se manteve na mesma linhagem durante várias gerações.

Imagem relacionada


A Lenda:

 Segundo a lenda, o topónimo tem origem numa história de amor trágica. Brandão era o nome de um jovem carpinteiro naval, que namorava Paulina, filha de um homem poderoso. Este, contrariando a vontade e a paixão da filha, obrigou-a a embarcar numa nau com destino à Índia. Brandão conseguiu alcançar a nau num pequeno barco a remos, mas foi apanhado pelo comandante do navio, que o mandou matar e lançar ao rio. Paulina atirou-se de seguida e morreu também. O seu corpo foi dar ao local que passou a chamar-se praia da Paulina e o do rapaz ao actual Porto Brandão


A Terra:
A povoação ribeirinha do Porto Brandão ocupa um vale talhado na costeira de Almada. A arriba, sobranceira ao Tejo, dominando a localidade, é o aspecto mais evidente desta estrutura geológica. A costeira, apresentando vertente abrupta a norte (a arriba) é constituída por uma sequência de camadas rochosas inclinando suave e uniformemente para sul.
As camadas datam do Miocénico, tendo cerca de 18 a 15 milhões de anos de idade. Nelas existem fósseis de organismos marinhos, testemunhos desses tempos, de quando a arriba ainda não existia e, nesta região, se estendia um amplo golfo marinho de águas quentes, tropicais.

Porto Brandão: a outra margem de Lisboa vai limpar a face - DN

O tempo e o espaço:
A localização geográfica e a morfologia do terreno contribuíram para a fixação humana no Porto Brandão. Situado na zona onde a distância entre as margens é mais curta, o acesso fluvial é facilitado por uma enseada com praia. Por via terrestre o declive da arriba é vencido percorrendo o fundo do vale que desce do lugar da Torre de Caparica
Na origem do povoado e ao longo da sua história, encontram-se naturalmente as actividades ribeirinhas, como a pesca, os transportes fluviais e a construção naval.

Historia recente:
Em meados do século XX, a SONAP – Sociedade Nacional de Petróleos, era o principal atractivo económico do Porto Brandão. Beneficiando de uma boa posição no mercado de combustíveis, a empresa, uma das mais importantes do país, deu emprego a muitos, que lá continuaram depois da sua nacionalização e criação da Petrogal, em 1976
O Porto Brandão continua a ter importância portuária, devido aos terminais marítimos aí instalados. A nascente, situa-se um parque que armazena produtos petrolíferos em 26 reservatórios de aço, distribuídos pela encosta em plataformas. A poente, na antiga praia da Paulina, localiza-se uma estação de limpeza e desgasificação de navios, que dispõe de seis reservatórios para combustíveis líquidos.

As casas:
O conjunto edificado do Porto Brandão desenvolve-se acompanhando a base da arriba, que a delimita a nascente e a poente. A povoação cresceu ocupando a encosta virada a poente, dando origem ao bairro designado popularmente pelo “Alto”, que liga ao lugar de Formosinhos. Alguns dos edifícios mais antigos apresentam uma traça marcadamente urbana, característica do século XIX; outros apresentam características rurais. No centro do lugar foi construído por volta de 1950 um bairro habitacional, constituído por habitações de dois pisos, orientadas perpendicularmente à praia e divididas por uma rua central.
Destacam-se no conjunto a casa do Tanoeiro e a oficina da Cooperativa dos Catraeiros, este último de características arquitectónicas acentuadamente modernistas

"Creditos Centro de Arqueologia de Almada"

Sem comentários:

Enviar um comentário