domingo, 28 de julho de 2019

José Saramago e a indiferença social

Uma das obras mais famosas e célebres de José Saramago é Ensaio sobre a Cegueira, romance que convida a uma reflexão profunda sobre a alma humana e sobre o que aos nossos olhos parece invisível.


José Saramago foi a voz mais autoritária da literatura portuguesa. O refinamento de sua escrita lhe valeu o Prêmio Nobel, mas não menos importante foi seu compromisso do ponto de vista político e social. Obras como “Ensaio sobre a cegueira” são um meio excepcional de catarse, um ponto de partida para a reflexão filosófica, um convite claro para “acordar”.
De José Saramago diz-se frequentemente que ele era um agitador de consciências. Ele nunca desistiu de denunciar as injustiças e sempre assumiu uma posição clara contra os conflitos de sua época. Em uma de suas palestras, ele se definiu como um escritor apaixonado, impulsionado pela necessidade de levantar cada pedra, mesmo sabendo que monstros reais poderiam estar escondidos embaixo.
A busca da verdade e o desejo de estimular a mente eram os ingredientes de um estilo literário único. Suas parábolas, construídas com imaginação, ironia e compaixão, desenham uma realidade que ninguém pode permanecer indiferente.
Vários anos após sua morte, os trabalhos de Saramago continuam sendo reimpressos em diferentes idiomas. E nem mesmo as novas gerações permanecem insensíveis ao encanto de uma personalidade tão multifacetada, um homem que chegou a pensar em completar a Declaração Universal dos Direitos Humanos com sua Carta de Deveres e Obrigações. .
Foi o escritor mais brilhante que Portugal nos deu, ao lado de outros nomes ilustres como o de Fernando Pessoa e Eça de Queiroz . Sua provocativa, mágica e perturbadora obra nos convidou a analisar o presente através de seus olhos.
“Os três males do homem moderno são a ausência de comunicação, a revolução tecnológica e uma vida centrada no triunfo pessoal”.
-José Saramago-

Ensaio sobre a Cegueira é um livro chocante, um marco na literatura contemporânea que vale sempre a pena redescobrir ou descobrir pela primeira vez.

sábado, 27 de julho de 2019

Glaciares estão a derreter 100 vezes mais rápido do que se pensava

É a conclusão de um novo estudo. Os resultados são alarmantes e revelam uma subida dramática do nível do mar até ao final do século.
No estudo publicado na revista "Sience", a 26 de Julho de 2019, revela-se que esta é uma descoberta perigosa, tendo em conta que a velocidade a que os glaciares estão a derreter, combinada com as alterações climáticas, ameaçam uma subida dramática do nível do mar até ao final do século.



Estes números vêm mostrar que as pesquisas feitas em 2014, que revelaram que o derretimento dos glaciares causaram uma subida do nível do mar de 0,7 milímetros por ano e que em 2100 poderia chegar aos 100 centímetros, já estão desatualizados. É que à velocidade com que tudo isto acontece, o nível do mar pode subir muito mais — e muito mais cedo.
Os cientistas querem alertar a população para os potenciais efeitos que a subida do nível do mar pode ter, ainda que nem os próprios consigam ter uma previsão precisa do que vai acontece. O facto de não se poder prever o comportamento humano no que diz respeito ao desafio das alterações climáticas — se as atitudes vão mudar para melhor ou não — e de os modelos para realizar este tipo de estudos serem tão complexos, fazem com que apenas se saiba que a situação é grave, mesmo sem a certeza do quão grave poderá vir a ser. Uma coisa é certa: tanto a vida selvagem como a própria humanidade vão sofrer consequências.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Fortaleza da Torre Velha, em Almada, vai integrar segunda edição do Programa Revive

A Torre Velha situa-s e logo a seguir à Trafaria, sendo a a mais antiga fortificação da zona. Foi construída em 1488, no reinado de D. João I. A partir dos finais do século XIX este forte perdeu as suas funções de praça de guerra de 2º classe, passando a ser utilizada como armazém até ao momento em que foi abandonada. Em 2012 foi classificada como Monumento Nacional.

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De acordo com o site da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), a fortaleza foi mandada construir por D. João II no final do século XV, com o objetivo de defender a barra do Tejo. A torre assegurou a defesa do estuário e dos portos de Lisboa ao longo de mais de sessenta anos e, durante a dinastia filipina, foi alargada e modernizada. “Durante este período ficava conhecida como Torre dos Castelhanos”. A planta da fortificação “desenvolve-se em “U”, composta por três corpos, e três baluartes com casernas”, refere a DGPC.Em 1801 ficou desactivada, passando apenas a acolher viajantes de barco, e, em 1832, voltou a ser remodelada e reactivada para uso militar. Contudo, no final do século XIX, passou a servir apenas como depósito e alojamento.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

A melhor vingança é a não-vingança: vá em frente e seja feliz

A melhor vingança é aquela que não é executada. A melhor vingança é sorrir de ódio, abafar a raiva e mostrar ao outro que podemos ser felizes. Porque não há melhor estratégia do que agir com calma e sabedoria, com um olhar firme e um coração descansado, sabendo que há pesos que você não deve carregar consigo por muito tempo.


Confúcio disse com grande acerto que, antes de iniciar a jornada de vingança, devemos cavar dois túmulos. O nosso e o de nosso adversário. A filosofia sempre nos forneceu quadros de referência para refletir sobre o ato de vingança e as conseqüências morais ligadas a essa prática muito popular e, ao mesmo tempo, “atraente”.
Usamos este último termo, o da atração, por um fato muito específico. Estamos diante de um tipo de comportamento humano que sempre nos chamou a atenção, não podemos negá-lo. Na verdade, algo que os escritores e produtores de filmes conhecem bem é que a vingança nos fascina muito. Não falta quem diz que é quase como um remédio: receitado em pequenas doses, mas consumido em grandes quantidades pode nos matar.
Aí temos o grande exemplo literário de Edmon Dantes ou o Conde de Monte Cristo. Este personagem inesquecível de Alexandre Dumas nos ensinou que a melhor vingança é servida fria, sem pressa e perfeitamente calculada. Agatha Christie, por sua vez, nos fez compartilhar um enredo complexo e igualmente violento em “Os 10 Negrinhos” para nos ensinar que maus atos deveriam ser devidamente vingados.
A vingança nos atrai e às vezes até a justificamos. No entanto, que processos psicológicos existem por trás desse ato?
Vingança, um desejo muito humano
A maioria de nós, em algum momento de nossas vidas, tem se sentido tão magoada, agravada e ofendida que a sombra daquela amarga e cinzenta, mas quase sempre tentadora, forma de vingança passa por nossas mentes. Nossas bússolas morais se desviam alguns graus do norte e imaginamos formas, modos e situações em que a dor que nos prende é devolvida à pessoa que nos provocou.
Assim, algo que deveria estar claro desde o começo e que nos lembra o psicólogo Gordon E. Finley, um grande especialista em comportamento criminoso, é que a vingança tem pouco a ver com a moralidade. A vingança é um impulso e é a catarse da raiva e do ódio. Além disso, e apenas como exemplo, como revelado por um trabalho realizado pelo professor Ernst Fehr, da Universidade de Zurique, mais de 40% das decisões que são realizadas no mundo dos negócios têm como único objetivo ” vingar-se ” de um desafeto.
O mesmo acontece com os atos criminosos, mais da metade deles são cometidos pelo rancor acumulado em relação a alguém e pelo desejo expresso de realizar uma vingança. Tudo isso nos obriga a supor que a melhor vingança não existe, porque além dos resultados que obtemos, algo mais perturbador acontece, algo mais revelador: nos tornamos agressores e adquirimos a mesma qualidade moral de quem causou o dano original. .

A melhor vingança não é vingança

Poderíamos justificar aqui que a melhor vingança é a não-vingança, porque é isso que a moral e o bom senso ditam, porque é isso que os tecidos religiosos, espirituais e filosóficos com os quais tantas vezes nos movemos frequentemente nos dizem. No entanto, vamos ver essa recomendação de um prisma puramente psicológico.
Por exemplo, já nos perguntamos o que há por trás das pessoas que usam a vingança quase constantemente? Vamos ver abaixo.

Características de pessoas vingativas

• Atrás de uma pessoa – que reage a qualquer ofensa grande ou pequena de uma maneira vingativa – há um mau gerenciamento emocional e uma baixa capacidade de autoconhecimento (quando alguém me ofende, deixo de lado minha raiva e meu ódio).
• São perfis que acreditam ter a verdade absoluta e universal. Eles são a lei e a justiça, acham que são o exemplo claro do que toda pessoa deveria ser.
• Eles também apresentam um pensamento dicotômico, ou você está comigo ou não, as coisas são bem feitas ou são feitas de forma errada.
• Eles geralmente têm uma empatia muito baixa.
• Nem perdoam nem esquecem, vivem subordinados ao seu passado e a ressentimentos.
Como vemos, a partir desse quadro psicológico e emocional, a vingança ou o desejo por ela não oferece nenhum benefício. Esse impulso, essa necessidade ou como queremos defini-la, consome integridade e anula não apenas todo bom senso, mas também limita completamente a oportunidade de avançar como pessoa para construir uma realidade mais otimizada e, é claro, feliz.
Podemos nos sentir atraídos por todo esse tipo de justiça cômica ou de novela, no estilo de Edmon Dantes. No entanto, atrás deles, não há nada além de sofrimento e solidão. Portanto, a melhor vingança será sempre a não vingança ou até mais, viver bem e que os outros nos vêem felizes, é sem dúvida a melhor vingança de todas.

"Por, a mente é maravilhosa"