sábado, 21 de dezembro de 2019

Jean-Paul Sartre – a liberdade reside na escolha

Para o filósofo francês Jean-Paul Sartre, o ser humano é livre, e a liberdade reside no ato da escolha. Nós sempre escolhemos, afirma o filósofo, e não há como evitarmos. Quando dizemos que não há opções, na verdade estamos dizendo que não gostamos ou não queremos as que estão disponíveis, pois elas sempre existem.

     
Essa situação evoca uma experiência comum a todos. Imagine: nem que seja o “menos ruim”, é preciso tomar o remédio quando se está seriamente doente; seja por via injetável, seja por via oral, mesmo que nenhuma das duas opções seja prazerosa. Diante disso, podemos ainda escolher não tomar. Porém, nesse caso devemos estar cientes das consequências desta opção; nossa doença pode se agravar e isto é consequência de “não escolher”.

Sartre: não escolher já é uma escolha

Porém, ao escolher não escolher, já estamos escolhendo. Fugir da escolha, portanto, é impossível. Da mesma forma como fugir da liberdade é também impossível. Por isso estamos condenados a ser livres. Seremos sempre forçados a escolher e também responsáveis pelas consequências de nossas escolhas.
Quando fazemos uma escolha entre uma via e outra, julgamos e avaliamos com base nos valores que nos servem de referência. Se não os temos, escolhemos algo para preencher essa ausência. O valor, como seu motor, impulsiona o indivíduo a sempre agir, isto é, a escolher sempre entre um valor e outro, uma via e outra, e a executar uma ação. De qualquer forma, até mesmo nossos valores podem nascer diante das escolhas inevitáveis que temos de fazer.
Nesse sentido Sartre afirma que o ser humano está “condenado a ser livre”. Desde que nascemos até nossa morte, nossa vida consiste irremediavelmente em agir. Essa expressão ressalta a condição paradoxal (e talvez cruel) do ser humano: ao mesmo tempo que estamos condenados a agir, temos também de arcar com as consequências de nossas ações, feitas livremente apenas por nós mediante opções sempre existentes.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

A aldeia da Indonésia onde se dança o vira e se canta em português

Quando os holandeses conquistaram a cidade de Malaca a Portugal, em 1641, escravizaram os sobreviventes portugueses e os seus descendentes que viviam nesta cidade malaia. Alguns destes escravos foram a seguir levados para a cidade de Jacarta, que os holandeses crismaram de Batavia (nome que os antigos romanos haviam dado à Holanda) e da qual fizeram o principal centro de actividades da Companhia Holandesa das Índias Orientais.

Aos escravos portugueses e mestiços trazidos de Malaca, vieram juntar-se outros portugueses e respectivos descendentes, capturados e escravizados na Índia, Ceilão e outras paragens.

Tugu

Em Jacarta, os holandeses esforçaram-se por eliminar as marcas culturais portuguesas que estes escravos traziam, obrigando-os a adoptar nomes holandeses ou, pelo menos, com uma sonoridade holandesa, e forçando-os a trocar a fé católica pelo calvinismo.
Obrigaram-nos ainda a viver num pedaço de terra situado a 10 km do centro da velha Batavia, chamado Tugu (Toegoe na ortografia holandesa), que agora se chama Kampung Tugu.
Tugu

Os escravos portugueses e mestiços de Tugu foram libertados em 1661. Foram então chamados Mardijker, palavra que significa “Libertos” e que é originária do sânscrito. É desta que deriva a palavra que em língua indonésia significa “Liberdade”: Merdeka.
Apesar dos esforços feitos pelos holandeses no sentido de levar esta gente a perder a sua identidade própria, ela conservou-a até aos nossos dias, teimosamente.
Estas pessoas continuam a acarinhar Portugal, trezentos e setenta anos depois de lhes terem cortado os laços que as uniam a este país, um país que elas não conhecem e que não esperam poder algum dia visitar, porque está no outro lado do mundo. Mas que é um país que elas também consideram seu.
Tugu
Se dúvidas houver relativamente a este facto, elas certamente desaparecerão depois de se ver a reportagem que se segue, que é de uma estação de televisão indonésia.
A reportagem está em indonésio, embora nela intervenham, em inglês, o embaixador de Portugal em Jacarta e uma leitora de português na universidade local. Mesmo que não se entenda uma única palavra da reportagem, as imagens são sobejamente eloquentes sobre os sentimentos dos Tugus relativamente a Portugal.
Tugu

Menos castigos, menos mentiras

Para que seu filho diga a verdade, é melhor não puni-lo ou ameaçá-lo quando ele mente. Foi isso que foi descoberto em um experimento recente, liderado pela professora Victoria Talwar, do Departamento de Educação e Aconselhamento Psicológico da Universidade McGill, na qual participaram 372 crianças entre 4 e 8 anos de idade.


O experimento foi assim: um pesquisador entrou com cada criança em uma sala onde havia uma câmera escondida. Ele lhe disse que havia um brinquedo atrás dele, mas ele não deveria se virar por um minuto em que estivesse do lado de fora.
Ao retornar, os pesquisadores perguntaram às crianças se elas haviam obedecido às instruções. Os resultados foram os seguintes: pouco mais de dois terços do total virou para ver o brinquedo (251 crianças de 372, ou seja, 67,5%), sendo as de mais idade as que menos se viraram.
Quando perguntados se eles haviam obedecido às instruções, 167 das 251 crianças que ignoraram disseram que sim (equivalente a 66,5%). O mais interessante para os pesquisadores foi que as crianças mostraram menos propensão a dizer a verdade quando sentiram medo de serem punidas. Por outro lado, quando solicitados a dizer a verdade simplesmente agradando os adultos, ou porque era a coisa certa, as crianças ficavam mais confortáveis e com mais ânimo em ser sinceros.
Por outro lado, verificou-se que quanto mais jovens as crianças, mais se concentravam em dizer a verdade para agradar aos adultos, enquanto as crianças mais velhas demonstravam ter normas de comportamento internalizadas, o que as fazia dizer a verdade porque consideravam ser correto. “O castigo não promove a busca da verdade. De fato, a ameaça da pena pode ter um efeito oposto ao reduzir a probabilidade de as crianças dizerem a verdade quando foram incentivadas a fazê-lo ”, afirmou Victoria Talwar.

Humilhar os outros não te faz forte, te faz infeliz

Como é de esperar, na vida nos deparamos com tudo, vivenciamos de tudo e aprendemos constantemente, isso é viver. Nas nossas relações durante a vida, nós iremos interagir com pessoas amáveis, generosas, que nos farão evoluir como seres humanos, mas, em contrapartida, nos depararemos também com pessoas amargas que, por se sentirem inseguras, ferem os outros.


Geralmente essas pessoas têm um complexo de inferioridade, consciente ou inconsciente, e por isso abusam de alguma posição entendida como privilegiada para descontar sua frustração em cima das outras, principalmente quando a vítima está em posição vulnerável.
Quando uma pessoa tenta humilhar outra de propósito, significa que:
1 – Ela tem um complexo de inferioridade em relação a quem ela tenta humilhar.
2 – Ela mesma é totalmente insegura sobre si mesma e em relação as realizações de quem ela tenta humilhar. Constranger e humilhar a outra pessoa é uma forma dela satisfazer seu complexo, criando uma falsa sensação de que seja superior.
3 – Sente-se ameaçada perante o potencial da suposta vítima e agir assim é uma forma de “botar o outro no seu devido lugar”.
Submeter outra pessoa a uma situação de humilhação não é um indicador de superioridade, mas o contrário é válido. A imagem que você vai conseguir passar de si mesmo é apenas a de uma pessoa fraca, frustrada e talvez com muito medo da outra pessoa a qual você esteja destratando.
Avalie-se e veja se o desdém, o descaso e o nojo que você coloca no seu tratamento em relação a uma pessoa de posição hierarquica inferior, não é apenas um modo de “marcar territótio”, um modo de mostrar quem manda, quando na verdade só está incoscientemente procurando se auto-afirmar perante si mesmo.
Humilhar outra pessoa não vai te blindar, não vai criar uma armadura impenetrável onde você possa se proteger de seus prórpios demônios. Fazendo isso você apenas estará escancarando sua personalidade frágil, mostrando aos outros o quanto é infeliz e que precisa pisar em alguém para se sentir um pouco melhor.
O certo é que você jamais terá o respeito daqueles a quem você constrange; talvez, no máximo, consiga despertar medo e, com certeza, muito ódio e desprezo daqueles a quem você humilha. Mas, se causar esse tipo de sentimento dos outros em relação a você é o que te apraz, deve ser porque, com certeza, você é uma pessoa com sérios problemas e deveria procurar ajuda.
Quem já esteve em situação de ser humilhado sabe que a “vítima” nunca enxerga aquele a quem lhe humilha como superior, portanto, tentar se impor por essas vias com o propósito de se afirmar sobre a outra, é apenas uma forma de mostrar sua fraqueza diante dela, que não reage por outros motivos que implicam em perdas e prejuízos a si ou a outrém a quem queira preservar e proteger, jamais pelo respeito que, evidentemente, não tem mesmo pelo humilhador.
Crédito da imagem: Kelly Vivanco