domingo, 9 de fevereiro de 2020

O hábito de ler é o que nos torna mais humanos, diz a ciência

A gente já sabia, mas os estudiosos confirmaram: ser um leitor de ficção te faz ter mais empatia pelo próximo.



Você pode estar precisando de uma desculpinha para ler mais (ou para estimular alguém a fazer o mesmo) ou de um empurrãozinho para decidir qual será sua próxima leitura. Ou pode estar, simplesmente, querendo entender um pouco melhor como funciona essa coisa bem louca chamada “humanidade”.
Para qualquer um destes três casos, nós temos boas notícias: para a ciência, tem ficado cada vez mais claro o quanto aqueles que leem literatura de ficção desenvolvem o dom da empatia muito mais do que os outros.
E por “ficção” entende-se que vai além da científica – estamos falando de romances, mesmo, histórias inventadas, daquelas que nos transportam diretamente para a cabeça de um ser que, na verdade, não existe.
Em meados do século passado, surgiu a Teoria da Mente, descrita pela revista Science como “a capacidade humana de compreender que as outras pessoas têm crenças e desejos e que eles podem ser diferentes de suas próprias crenças e desejos”.
Um estudo publicado em 2013 na mesma revista descobriu, justamente, que os leitores de romances costumam se sair melhor, quando testados a respeito da Teoria da Mente. Ou seja: eles compreendem melhor o fato de que os seres humanos têm opiniões diferentes.
Em julho deste ano, outra pesquisa sobre empatia e a leitura examinou como essa relação é poderosa. Entre os participantes, alguns foram convidados a ler o conto Saffron Dreams, da autora paquistanesa Shaila Abdullah, enquanto outros só foram informados sobre como a história se desenrolava.
Depois, todos eles foram expostos a fotografias de olhares – de várias pessoas diferentes – e estimulados a supor o que cada um dos fotografados estava pensando e sentindo.
Os que leram o conto viam com empatia semelhante os rostos de pessoas árabes e de pessoas brancas, mais do que os outros que não leram. Resumindo: além de ler ficção, precisamos investir nas narrativas, mesmo.
Entre um livro de ficção e uma biografia, portanto, você já pode ter certeza do que escolher, para a próxima leitura. Aproveite!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Cientistas alertam para cinco grandes ameaças à humanidade

Centenas de cientistas alertam para eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade e colapso dos ecossistemas, crises alimentares e de água e falha na adaptação às alterações climáticas.


Eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade e colapso dos ecossistemas, crises alimentares e de água, e falha na adaptação às alterações climáticas são as cinco maiores ameaças à humanidade, segundo mais de duas centenas de cientistas.
O balanço faz parte de um estudo divulgado esta quinta-feira, que envolveu a colaboração de 222 cientistas de 52 países, que avisam que a maior ameaça à humanidade é o potencial do efeito “bola de neve” dos cinco riscos relacionados e “altamente prováveis”.
Conduzido pela “Future Earth”, uma rede internacional de investigação em sustentabilidade, o estudo identifica cinco riscos globais como os mais graves em termos de impactos, mas quatro deles (alterações climáticas, fenómenos meteorológicos extremos, perda de biodiversidade e falta de água) também foram considerados pelos cientistas como os mais prováveis de acontecer.
Líderes políticos e empresariais mundiais já tinham apontado os mesmos riscos para a humanidade, num inquérito divulgado em janeiro pelo Fórum Económico Mundial.
Mas agora um terço dos cientistas ouvidos para este trabalho alertou para a ameaça que resulta da interação entre os cinco riscos, com as crises globais a agravarem-se umas às outras de tal maneira que podem criar um “colapso sistémico global”.
Ondas de calor extremas podem, por exemplo, acelerar o aquecimento global, libertando grandes quantidades de carbono armazenado pelos ecossistemas afetados, e ao mesmo tempo intensificar crises de água ou escassez de alimentos. A perda de biodiversidade enfraquece a capacidade dos sistemas naturais e agrícolas em lidar com extremos climáticos, aumentando a vulnerabilidade a crises alimentares, exemplificam também os cientistas.
Do total de cientistas ouvidos 173 falaram ainda de riscos adicionais (além de uma lista de 30) como merecedores de uma atenção global maior, como a erosão da confiança e dos valores sociais, a deterioração da infraestrutura social, a crescente desigualdade, o nacionalismo político crescente, a sobrepopulação e o declínio da saúde mental.
“Como consultores científicos para este inquérito pedimos aos académicos, líderes empresariais e formuladores de políticas do mundo que prestem atenção urgente a esses cinco riscos globais e garantam que eles sejam tratados como sistemas em interação, em vez de serem abordados um de cada vez de forma isolada”, dizem os responsáveis pelo documento, de uma centena de páginas.
No documento os cientistas resumem as mais recentes pesquisas sobre o estado do planeta e salientam que os problemas ambientais de hoje são uma mistura de mudanças físicas químicas, biológicas e sociais.
Tentar perceber como é que os nossos impactos numa área, como a extração em rios, afeta outra, como a provisão de alimentos, é uma tarefa complexa”, diz o relatório.
O documento destaca ainda questões como a ascensão e impacto do populismo, ligado à negação das alterações climáticas, e as notícias falsas, o aumento do risco financeiro devido às alterações climáticas ou os impactos nas migrações, mas também fala na ciência ecológica e nos mecanismos financeiros verdes e as mudanças na sociedade a favor de estruturas mais sustentáveis.
Amy Luers, diretora executiva da “Future Earth” disse, citada no documento: “As nossas ações na próxima década determinarão o nosso futuro coletivo na Terra”.