A década de 50 representou o momento de viragem no modo como o ensino secundário passou a ser encarado em Almada. O crescimento populacional verificado no concelho nesta década, levou à necessidade de implantação de estabelecimentos de ensino secundário em Almada, por forma a reduzir a total dependência em relação às escolas técnicas e aos liceus de Lisboa, fixando assim, a população jovem após o terminus do ensino primário.
Em 1955, Almada vê surgir a sua primeira escola de ensino secundário, com a criação da Escola Industrial e Comercial de Almada, nas instalações camarárias da Rua João de Portugal. Iniciando com 228 alunos, sendo 196 do 1º ano do Ciclo Preparatório e 32 do Curso Geral do Comércio, esta escola viu crescer até 1959 o número de alunos para 1047 em paralelo com a maior diversidade de cursos oferecidos.
O aumento da população escolar conduziu a novas alterações na estrutura do parque educativo almadense. Assim, em 1959 esta escola é dotada de um edifício novo, passa a designar-se Escola Industrial e Comercial Emídio Navarro e deixa de ministrar o Ciclo Preparatório. Nesse ano, é então criada a Escola Técnica Elementar D. António da Costa à qual são entregues os dois anos do ciclo preparatório para as escolas técnicas. A escola iniciou com 893 alunos e funcionou provisoriamente durante cerca de uma década, nas instalações da Rua D. João de Portugal, e ainda por mais 3 espaços em Almada.
Só a partir do início da década de 70 a escola fica dotada de edifício próprio, construído de raiz e com linhas modernas. Nesse ano o número de alunos era já o triplo relativamente à data da sua criação. O aumento repentino de alunos deveu-se à criação do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário que unificava num mesmo currículo e numa mesma escola, o Ciclo Preparatório para o Ensino Técnico com o 1º Ciclo do Ensino Liceal, passando as escolas técnicas elementares a designarem-se de escolas preparatórias. Na década seguinte, o número reduziria em virtude do aumento da rede escolar do concelho, com a abertura de mais escolas preparatórias, no Feijó, Sobreda, Cova da Piedade e Trafaria.
O novo edifício da escola, inaugurado em 1971, ocupando uma grande área da Quinta dos Caranguejais, perto do centro da vila de Almada, distinguia-se das suas congéneres não só pelo seu amplo espaço aberto, como pelas características das suas infra-estruturas.
A estrutura física em dois grandes blocos, com uma área de serviços central comum, correspondia à divisão do ciclo em dois grupos de alunos: masculino e feminino. Em ambos os blocos a estrutura é equivalente com a mesma tipologia de salas de aula, laboratórios, salas de trabalhos manuais, e arejados corredores com janelas viradas para os pátios interiores. Ao todo dispunha de 29 salas de aula normais e 22 salas de aula específicas (6 de Trabalhos Manuais, 8 de Desenho, 6 de Ciências da Natureza e 2 de Educação Musical), assim como ginásio, refeitório, sala de professores, sala de alunos e capela. No espaço central encontrava-se uma vasta sala polivalente (equipada com um palco) por onde se acedia a vários serviços da escola, nomeadamente a biblioteca, a secretaria e a capela. No exterior da escola, sobressaíam os vários campos de jogos, a pista de corrida e caixa de saltos, pátio coberto.
Para além do 1º e 2º anos do Ciclo Preparatório, a partir de 1972-73, a escola é seleccionada para aplicar a experiência inovadora dos 3º e 4º anos do ciclo da reforma de Veiga Simão a qual apontava para a implementação de um currículo unificado de 8 anos de escolaridade, o que, depois de 1974 serviu de base para a criação do ensino unificado, até ao 9º ano, correspondente ao actual 3º ciclo, sem ainda ser obrigatório.
Com o 25 de Abril de 1974, num novo regime político democrático, novos pressupostos para a educação se evidenciam e a escolaridade de massas começou a ganhar expressão.
A Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) consubstancia o direito à educação, propõe-se construir uma escola orientada para o favorecimento do desenvolvimento global da personalidade, do progresso social e da democratização da sociedade, definindo um novo perfil para todos os seus intervenientes. São princípios orientadores: a igualdade de oportunidades e gratuidade do ensino básico.
Com a passagem da escolaridade obrigatória para 9 anos (em 1997), com a aprovação do Regime de Autonomia, Administração e Gestão das Escolas (em 1998) e a entrada em funcionamento da Reorganização Curricular do Ensino Básico (em 2001), uma nova era surge, marcada por uma significativa alteração no sistema educativo do país.
Acompanhando os diversos enquadramentos da política educativa a designação da escola tem registado várias alterações: “Escola Preparatória”, “Escola C+S”, “Escola Básica 2.3”, e “Agrupamento Vertical de Escolas”. Contudo, a Escola D. António da Costa mantém o seu papel de referência como instituição escolar em Almada, no contributo para a formação profissional de várias gerações de jovens e na valorização da cultura no concelho.
O presente quadro legal, assente na descentralização e no desenvolvimento da autonomia das escolas, valoriza a identidade de cada instituição escolar, reconhecida no seu projecto educativo e na organização adequada e flexível. É neste contexto de cultura partilhada de responsabilidades de toda a comunidade educativa que a Escola D. António da Costa procura movimentar-se, construindo um projecto consistente que dê resposta às exigências destes novos tempos.
No presente, a Escola D. António da Costa desenvolve a sua actividade educativa do 5º ao 9º anos dos 2º e 3º ciclos do ensino básico, unicamente no período diurno.
Patrono
António da Costa de Sousa de Macedo, filho do 1º conde de Mesquitela D. Luís da Costa de Sousa de Macedo e Albuquerque, e da condessa D. Maria Inácia de Saldanha Oliveira e Daun, nasceu em Lisboa, em 21 de Novembro de 1824, cidade onde também faleceu em 17 de Janeiro de 1892.
Formado em Direito, pela Universidade de Coimbra, para além de escritor, desempenhou vários cargos públicos e destacou-se pela importante ação que desenvolveu ao nível da instrução pública, área de que chegou a ser ministro, ainda que apenas por 69 dias, em 1870, tempo no entanto, suficiente para proceder a profundas reformas ligadas ao ensino superior, à instrução primária e às bibliotecas públicas, entre outras.
Um dos seus pensamentos está inscrito na placa com o seu busto: «Olha para o alto, sobe, eleva-te pela instrução, que é o meio para a felicidade, que é o fim», e encontra-se sintetizado no lema da escola: «A caminho da luz». Esta frase encontra-se inscrita no emblema de pedra junto da entrada, e o sol, como símbolo dessa luz, significam a importância do conhecimento na educação do indivíduo.
Agrupamento Escolas Emídio Navarro