quarta-feira, 12 de julho de 2023

Aldeia de São Gião

 São Gião é uma bonita aldeia pertencente ao concelho de Oliveira do Hospital, na região Centro do País, inserida no maravilhoso Vale do Rio Alva, numa região montanhosa, ainda pertencente ao grande Parque Natural da Serra da Estrela.



São Gião prima pelas fantásticas paisagens desta região montanhosa, plena de vales verdejantes, bosques e pinhais, e abundantes cursos de água cristalina.




São Gião possui um interessante Património, como a sua Igreja Matriz, também denominada por Catedral das Beiras, construída em 1795, as Capelas de Nossa Senhora da Criação do século VII, e a do Senhor dos Aflitos do século XIX, o Abrigo ou Capela das Almas, datada do Século XIX, construída no local onde antes existiu um nicho das almas.



Na aldeia e arredores existem diversas casas senhoriais, denotando a importância económica da aldeia, nomeadamente na vertente agrícola e pastoril, que aqui se verifica em produtos artesanais bem conhecidos, como afamado Queijo da Serra da Estrela.







Um dos grandes pontos de interesse desta bonita aldeia é a sua agradável Praia Fluvial de águas cristalinas, numa zona arborizada, perfeita para as mais variadas actividades, existindo aqui, inclusivamente, um Parque de Campismo, e outros pontos de alojamento e restauração.
A não perder são as Grutas Naturais do Penedo da Moura, de grande beleza.





Localização

Em termos geográficos, localiza-se a 40.3330° N, 7.8000° W numa altitude de 704m (Pinhal Interior Norte, uma sub-região da Região Centro, na província da Beira Alta). Encontra-se no Vale do Alva, vale escavado pelo Rio Alva, afluente do Rio Mondego (nasce na Serra da Estrela e desagua na Figueira da Foz), bem como entre as ribeiras de Vide e de Alvoco (afluente, por sua vez, do Rio Alva). Sito na confluência da Serra da Estrela e da Serra do Açor.

Encontra-se na fronteira Este do distrito de Coimbra (com o distrito da Guarda), pertencendo desta forma à região das Beiras (de uma forma específica pertence à Beira Litoral bem como à Beira Interior - existindo uma contradição de critérios na classificação do concelho relativamente a estas duas regiões, devido à sua localização central, pelo que diferentes fontes referem diferentes classificações). É a freguesia mais a Este do município e do Distrito.

Dista, sensivelmente, da sede de município (Oliveira do Hospital) 10 km e da sede do distrito (Coimbra) 84 km, ficando a cerca de 300 km de Lisboa.

(13-07-2023)







quarta-feira, 8 de março de 2023

Fernando Pessoa cria o heterónimo Alberto Caeiro e escreve Guardador de Rebanhos.

 A 8 de Março de 1914, «acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, «O Guardador de Rebanhos».

E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro.
O Guardador de Rebanhos
Poema Eu Nunca Guardei Rebanhos
de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versosOu, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas idéias,
Ou olhando para as minhas idéias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural —
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Conhecida como a Suiça portuguesa aldeia histórica que neva:

 A Vila de Loriga fica situada na Serra da Estrela, a cerca de 770 metros de altitude, como que protegida por duas sentinelas vigilantes e altivas que parecem tocar no céu, e que são a Penha do Gato com cerca de 1800 metros e a Penha dos Abutres com mais de 1800 metros. 





Estes montes que a circundam e lhe ornam a fronte, oferecem aos visitantes surpreendentes paisagens, ao mesmo tempo o abismando na miragem dos cerros íngremes, cortados a pique, ou na ondulação caprichosa de vales e montes, onde a água cristalina brota e desliza, como cantando numa rumorejante melancolia por todo o lado e, as suas ribeiras, de braços abertos essas águas recebem para oferecerem aos rios e estes as levarem ao mar.





Uma estrada serpenteante e magnifica para o turismo, bem lançada em audaciosas curvas pelas encostas da serra onde a engenharia moderna pôs todos os seus recursos, leva-o a Loriga onde ao chegar contemplará embevecido o casario branco para, de imediato, lhe dar a impressão de que assenta sobre um trono onde a Natureza parece ser soberana num verdadeiro reino de esplendor. 

A gente desta Vila é hospitaleira, simpática e, acima de tudo, amiga desse seu torrão. A evindenciá-lo, é estarem dispersos pelas ruas da vila, marcos fontanários e outras recordações que atestam bem o vincado amor desse seu povo à terra natal.