Web Summit. A Lisboa dos Descobrimentos passou a ser a dos engenheiros
O mundo das startups aprendeu com a primeira Web Summit em Lisboa. Neste ano, as expectativas são mais altas
A sala cheia do agora Altice Arena não deixa margem para erros: de telemóveis em punho, 20 mil pessoas deram as boas-vindas à megacimeira de tecnologia, que se prolonga até quinta-feira com debates, conferências e o que de melhor se faz no mundo do empreendedorismo.
Cá e não só.
“Palmas para um país incrível: Portugal”, disse Paddy Cosgrave, o CEO da Web Summit, que fez as honras da abertura. A audiência cumpriu e logo chegou o primeiro recado: “Isto gira em torno do network [rede de contactos]. Apresentem-se às pessoas que estão ao vosso lado.” Para já, são apenas 20 mil, mas ao longo dos próximos dias “mais de 81 mil pessoas vão passar por estas portas”. Paddy falava não só dos 59 115 que participam na cimeira, mas também dos três mil voluntários, 160 elementos que compõem a organização, pessoal de construção, técnicos de iluminação e som e seguranças. Ao todo, mais de 20 mil pessoas que ajudam a pôr de pé a Web Summit.
O toque internacional da Web Summit é inegável. Por toda a cidade, vários cartazes dão o mote para um encontro que se faz maioritariamente em inglês. E o grande palco do Altice Arena não foi exceção. Dos sete oradores selecionados para a abertura, apenas o primeiro-ministro reservou tempo para falar em português. “Lisboa tem sido o ponto de encontro de pessoas de todas as culturas”, disse António Costa, enfatizando a “cidade aberta” que quer ser ponte para todos os continentes. Graças ao sentimento de partilha o primeiro-ministro até tirou a sua gravata para a entregar a Paddy, com a sua t-shirt azul e calças de ganga.
Antes, foi tempo para reflexão sobre tecnologia, inteligência artificial e futuro. Pelo palco desfilaram figuras de topo e, pelo ecrã chegou uma mensagem que entusiasmou e colou a audiência. “Quero agradecer à Feedzai por poder falar convosco hoje. Sejam muito bem-vindos à Web Summit”. Sem precisar de apresentações, o cientista Stephen Hawking realçou a importância da tecnologia: “Não há diferença entre o que pode ser alcançado por um ser humano e por um computador”, lembrando que “todos temos o papel de garantir que nós e a próxima geração têm não só a oportunidade, mas a determinação para agarrar o estudo da ciência de forma a aprofundar o nosso potencial e criar um mundo melhor para toda a raça humana”. Hawking deixou alertas para o uso da inteligência artificial, porque pode ser o “melhor ou o pior para a humanidade”.
Margreth Vestager, comissária europeia da Concorrência também subiu ao palco, num dos momentos mais aclamados. Defende que é preciso desenvolver as ferramentas certas para que a União Europeia tenha um mercado justo. “Temos de ser rápidos o suficiente numa economia que evolui de forma cada vez mais veloz”, destacou a dinamarquesa, vista por muitos como a mulher mais poderosa da Europa.
Margrethe Vestager
O português António Guterres, por sua vez, entende que “temos de evitar os argumentos para parar a inovação, é uma estupidez pedir isso”. Em inglês, o secretário geral da ONU disse ainda que “é preciso juntar governos, cientistas, a sociedade civil, a academia e criar um quadro regulatório que dê liberdade à inovação e combinar isso com a defesa dos direitos humanos. Os governos não podem fazer isso. Por isso é tão importante uma cimeira como a Web Summit”.
O silêncio de uma audiência especialmente atenta aos oradores de topo, voltou a ser quebrado mesmo antes de as luzes se apagarem: as 250 startups portuguesas subiram ao palco e a esta montra de talento. “Lisboa foi a capital do mundo há cinco séculos. De Lisboa partiram grandes descobridores. Os engenheiros e inovadores estão a desbravar o mundo, tal como nos descobrimentos há 500 anos”, concluiu o autarca de Lisboa Fernando Medina.
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