segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Sim, o Terreiro do Paço já teve árvores.

Dezembro de 1865.
Quando Manuel Joaquim de Almeida, 1.º Barão de Alenquer, liderava a Câmara de Lisboa, o vereador Polycarpo dos Santos chegou à sessão municipal com uma proposta: colocar árvores na Praça do Comércio que dessem mais sombra a quem passeasse por aquelas bandas. A proposta de Polycarpo foi aceite: as árvores foram plantadas nas laterais do Terreiro do Paço ainda sem folhas e cresceram ao longo de muitos anos até que as copas frondosas dessem sombra verdadeiramente digna desse nome.
   
                    Panor_mica_da_pra_a_do_Com_rcio_Foto_Eduardo_Portugal_1
No final do século XIX e durante as primeiras décadas do século XX, as sombras das árvores cobriam boa parte dos passeios nas alas laterais do conjunto da praça pombalina. Em 1895, quando a reforma da arborização da praça ainda estava a decorrer, um Ofício ordenou a colocação de bancos de pedra debaixo das árvores: como eram muito caros — custavam 120 mil réis cada um –, foram colocados apenas seis bancos no primeiro ano e mais seis no segundo ano.
Mas foi sol (neste caso, sombra) de pouca dura. Nos anos 20, a Real Associação de Arquitectos começou a pressionar a Câmara, então liderada por Pedro Augusto Franco, 1.º Conde do Restelo, para retirar os bancos e as árvores da Praça do Comércio. A instituição dizia que as copas das árvores eram demasiado grandes e que quem estivesse no centro da praça não conseguiria ver as arcadas e as janelas do Terreiro do Paço. A Câmara cedeu à pressão da associação e, na segunda década do século XX, arrancou as árvores e retirou os bancos. E a Praça do Comércio ficou com o aspecto que hoje conhecemos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

O glaciar maior que Portugal que pode fazer o mar subir um metro

O Thwaites, situado na Antártida, é um Glaciar tão grande que, se derreter completamente, fará subir as águas dos oceanos entre 80 centímetros e um metro. O problema? A questão não é “se derreter”, é “quando”, e isso pode desencadear algo bem pior


                                             

Há 20 anos, o Thwaites, no Leste da Antártida, era responsável por 2% do aumento do nível médio das águas do mar. Hoje, o número subiu para os 4%, o que é ainda mais impressionante se se levar em conta a velocidade crescente da subida do mar nas últimas décadas. Por outras palavras, o glaciar, quase duas vezes maior do que Portugal, está a derreter mais rapidamente. E as consequências podem ser catastróficas: o Thwaites, além de um volume de água suficiente para fazer subir o nível médio das águas do mar entre 80 centímetros e um metro, está de certa forma a suportar um imenso manto de gelo nas suas costas. É por essa razão que os cientistas apelidam massas de gelo como esta de “glaciares-rolha”.
Em 2018, iniciou-se um trabalho de campo de cinco anos no glaciar, um projeto conjunto dos EUA e do Reino Unido que vai custar perto de 50 milhões de euros. A Colaboração Internacional do Glaciar de Thwaites (CIGT) é a maior iniciativa conjunta na Antártida desde pelo menos os anos 1940, quando se fez o mapeamento do continente austral. Com isto, percebe-se a importância que está a ser dada ao glaciar.

UM MURO PARA SALVAR O PLANETA

A instabilidade do glaciar é motivo mais do que suficiente para nos preocuparmos. “Se o Thwaites se portar bem, teremos um metro de subida do nível do mar até 2100, e a isso, sendo doloroso, a Humanidade pode ainda adaptar-se”, explicou à revista Wired Richard Alley, especialista na Antártida e colega de Sridhar Anandakrishnan. Se o Thwaites colapsar, no entanto, “podemos esperar três ou quatro metros”. Isto porque, soltando-se a rolha, o Manto de Gelo do Leste da Antártida começará lenta mas inapelavelmente a fluir para o mar. Recorde-se que 40% da população mundial vive a menos de 100 quilómetros da costa.
As possíveis consequências são catastróficas ao ponto de já haver cientistas a propor soluções tão drásticas, de geoengenharia, que atualmente ainda nem temos capacidade para pôr em prática. Um dos projetos de que se tem falado mais nos últimos anos é a instalação de uma miríade de placas para refletir a luz solar, minimizando assim o aquecimento (a propósito, a diminuição de gelo é, por assim dizer, uma bola de neve: quanto mais calor, mais gelo e neve derretem; quanto menos gelo e neve houver, mais radiação solar é absorvida pelo solo e mais o planeta aquece).
      Resultado de imagem para Thwaites, no Leste da Antártida

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

'Buraco' gigante descoberto debaixo de glaciar da Antártida

A desintegração rápida da massa de gelo pode ameaçar comunidades costeiras em todo o mundo.
Os cientistas descobriram uma 'cárie' de tamanho gigante por baixo de um glaciar na Antártida, que faz aumentar a suspeita de que a camada de gelo está a derreter mais rápido do que era esperado. Os investigadores, a trabalhar num estudo liderado pela NASA, encontraram a caverna com 300 metros de altura e com "dois terços do tamanho da ilha de Manhattan" de tamanho por debaixo do glaciar Thwaites, um glaciar monstruoso com 120km de largura.

 Resultado de imagem para antártida

Num comunicado da agência espacial é referido que um espaço com aquele tamanho deveria ter contido cerca de 14 mil milhões de toneladas de gelo, gelo esse que derreteu nos últimos três anos. No estudo feito, os cientistas dão conta de que a alteração rápida do gelo foi "inesperada" em certos pontos do glaciar.

O 'buraco' foi encontrado com recurso a satélites italianos e alemães e a uma radar de penetração de gelo da NASA.

"O tamanho da cavidade debaixo do glaciar tem um papel importante no derreter do gelo", referiu o autor do estudo, Pietro Milillo, do Jet Propulsion Laboratory da NASA, ao Guardian, acrescentando que "quando mais calor e água ficarem debaixo do glaciar mais rápido derrete".

No entanto, explicou, o tamanho da 'cárie' não é a principal preocupação da equipa, porque as toneladas de gelo libertadas já estão no fundo do oceano e por isso não vão contribuir para o elevar o nível do mar. O importante é que revelou a interação entre o mar e o gelo. 

Este glaciar tem gelo suficiente para aumentar o nível dos oceanos mundiais em cerca de 65 centímetros e como serve de apoio para outros glaciares em redor, se todo esse gelo cair no oceano também o nível do mar aumentava mais 2,4 metros.

Mas, "a questão importante atualmente não é se os glaciares vão derreter, mas sim a que velocidade", referiu Jeremie Mouginot, o co-autor do estudo.

Outros dos investigadores revelou: "Suspeitamos há anos que o Thawaites não estava corretamente encaixado à rocha que tem por baixo".
07/02/2019