O Thwaites, situado na Antártida, é um Glaciar tão grande que, se derreter completamente, fará subir as águas dos oceanos entre 80 centímetros e um metro. O problema? A questão não é “se derreter”, é “quando”, e isso pode desencadear algo bem pior
Há 20 anos, o Thwaites, no Leste da Antártida, era responsável por 2% do aumento do nível médio das águas do mar. Hoje, o número subiu para os 4%, o que é ainda mais impressionante se se levar em conta a velocidade crescente da subida do mar nas últimas décadas. Por outras palavras, o glaciar, quase duas vezes maior do que Portugal, está a derreter mais rapidamente. E as consequências podem ser catastróficas: o Thwaites, além de um volume de água suficiente para fazer subir o nível médio das águas do mar entre 80 centímetros e um metro, está de certa forma a suportar um imenso manto de gelo nas suas costas. É por essa razão que os cientistas apelidam massas de gelo como esta de “glaciares-rolha”.
Em 2018, iniciou-se um trabalho de campo de cinco anos no glaciar, um projeto conjunto dos EUA e do Reino Unido que vai custar perto de 50 milhões de euros. A Colaboração Internacional do Glaciar de Thwaites (CIGT) é a maior iniciativa conjunta na Antártida desde pelo menos os anos 1940, quando se fez o mapeamento do continente austral. Com isto, percebe-se a importância que está a ser dada ao glaciar.
UM MURO PARA SALVAR O PLANETA
A instabilidade do glaciar é motivo mais do que suficiente para nos preocuparmos. “Se o Thwaites se portar bem, teremos um metro de subida do nível do mar até 2100, e a isso, sendo doloroso, a Humanidade pode ainda adaptar-se”, explicou à revista Wired Richard Alley, especialista na Antártida e colega de Sridhar Anandakrishnan. Se o Thwaites colapsar, no entanto, “podemos esperar três ou quatro metros”. Isto porque, soltando-se a rolha, o Manto de Gelo do Leste da Antártida começará lenta mas inapelavelmente a fluir para o mar. Recorde-se que 40% da população mundial vive a menos de 100 quilómetros da costa.
As possíveis consequências são catastróficas ao ponto de já haver cientistas a propor soluções tão drásticas, de geoengenharia, que atualmente ainda nem temos capacidade para pôr em prática. Um dos projetos de que se tem falado mais nos últimos anos é a instalação de uma miríade de placas para refletir a luz solar, minimizando assim o aquecimento (a propósito, a diminuição de gelo é, por assim dizer, uma bola de neve: quanto mais calor, mais gelo e neve derretem; quanto menos gelo e neve houver, mais radiação solar é absorvida pelo solo e mais o planeta aquece).
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