segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O Farol do Bugio / visto da Cova do Vapor

Na conceção e planeamento estratégico da defesa do litoral Português, em geral, e do porto de Lisboa, em particular, surgiu como imperativo claro em meados do século XVI, que a defesa marítima de Lisboa deveria avançar até à foz do Tejo, de modo a tirar partido das dificuldades naturais que a sua barra colocava à navegação.





       
A sequência dos ataques da pirataria francesa e turca, sobretudo em 1552 e 1556, veio demonstrar a necessidade de reforçar a defesa do litoral, julgando-se que a decisão de “fortificar” S. Julião da Barra tenha ocorrido em 1556, ainda no reinado de D. João III e, posteriormente retomada em 1559 por iniciativa de D.ª Catarina.


A construção da fortaleza de S. Julião da Barra, veio confirmar a importância do extenso areal que lhe ficava fronteiro, dito da Cabeça Seca, julgando-se que os primeiros projectos para construção de um forte no baixio, terão sido da autoria de Francisco de Holanda, em 1571.
A consolidação da intenção, assim como os respectivos projectos e ensaios para a construção do Forte de S. Lourenço da Cabeça Seca, ter-se-ão iniciado por volta de 1590, sob a direcção do frade servita João Vicenzo Casale, mandado vir de Nápoles por Filipe I.
Seguiu-se-lhe na conceção e direcção das obras, Leonardo Turriano, igualmente de origem italiana, que foi arquitecto-geral do Reino, tendo como assistente o engenheiro António Simões.

O isolamento dos faroleiros era quebrado uma vez por mês, quando se deslocavam a terra para adquirir mantimentos. Porém, entre finais do século XIX e inícios do século XX, o degredo dos faroleiros foi amenizado pelo fenómeno do assoreamento do cachopo sul da barra do Tejo, atingindo proporções gigantescas e permitindo, no período da baixa-mar, a comunicação pedestre com a praia da Trafaria, existindo relatos de peregrinações das povoações ribeirinhas entre Cacilhas e Trafaria, à capela do forte, a qual era mantida pelas mulheres dos faroleiros.

O Forte e Torre de S. Lourenço foi classificado como imóvel de interesse público pelo Decreto nº 41191, de 18 Julho de 1957, sendo reconhecido o seu valor histórico e cultural.Em 1959 o farol foi electrificado, com recurso à montagem de grupos electrogéneos passando a utilizar uma lâmpada de 500W/110V e, em 1960 entrou em funcionamento um novo sinal sonoro (nautofone).Enquadrado no plano de automatizações, substituiu-se em 1981 o aparelho ótico, por um pedestal rotativo de óticas seladas (PRB), sendo também montado um sistema de tele-sinalização e um detetor de nevoeiro, passando o farol a ser tele-controlado a partir da Central da Direcção de Faróis.
Na sequência da automatização do farol e da implantação do sistema de telecontrolo, o Farol do Bugio deixou de estar guarnecido por pessoal faroleiro em 1982.
Em 1994, o farol sofreu nova remodelação, tendo sido retirado a ótica PRB 21 e montada uma lanterna ótica ML 300, a funcionar a energia solar.No Inverno de 1993, a acção violenta do mar, fez derrubar uma parte significativa da plataforma inferior do forte, situação que se foi agudizando nos anos seguintes e exigindo urgentes acções profundas de reparação e restauro.Finalmente, entre 1997 e 2001, sob a égide da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, decorreram as obras de restauro, cobrindo o enrocamento do forte, as cantarias de pedra e alvenarias e as muralhas, tendo sido construído um robusto molhe circular e um novo cais de acostagem.
Em 16 de Julho de 2008, foi retirada a lanterna ML 300 e substituída por uma Vega VLB44 8 Tiras Dupla Vm, controlador de carga 2 – PROSTAR, e 4 painéis solares BP380J, aumentando o alcance luminoso para 15 milhas.

(foto tirada da net)

Valoriza a quem te dedica seu tempo, porque é algo que ele nunca vai recuperar

Temos o péssimo hábito de não valorizar o tempo que os outros nos dedicam. Uma conversa, um abraço , um sorriso, um como você se sente, um ” eu faço porque sei que você gostaria ” ou simplesmente um gesto de acompanhamento. Existem milhares de actos diários de pessoas ao nosso redor que não valorizamos.

Não é necessário que os segundos, horas ou minutos cheguem de nossa família, amigos ou parceiros. O tempo dos estranhos também se torna importante quando, por exemplo, graças a eles o dia pode começar com um sorriso porque seu bom dia foi cheio de alegria ou nos deu aquele impulso que precisávamos. A grandeza do povo está naqueles detalhes de pequeno tamanho, mas de grandes efeitos e afectos.

O grande valor do tempo

Dizem que um viajante que atravessava o deserto viu um árabe pensativo sentado ao pé de uma palmeira, ao lado de seus camelos carregados. O viajante supôs que ele era um comerciante de objectos de valor e que ia vender suas jóias, perfumes e tapeçarias a uma cidade vizinha.
Como ele não falava com ninguém por muito tempo, ele se aproximou do comerciante pensativo e disse:
-Bom amigo, felicidades! Você parece muito preocupado. Posso te ajudar em algo?
Ah! respondeu o comerciante “Estou muito angustiado porque acabei de perder a joia mais valiosa de todas …”
-Bem, a perda de uma jóia certamente não é um grande problema para você. Você carrega muitos deles em seus camelos e tenho certeza de que não vai custar você substituí-los.
-Repor? exclamou o comerciante. “Se fosse tão simples! Você não sabe o valor da minha perda …
– Qual é a jóia que você perdeu? – perguntou o viajante.
-Uma jóia como nenhuma outra, que nunca será feita novamente. Foi esculpido em um pedaço de pedra da vida e feito na oficina do tempo. Seus ornamentos eram vinte e quatro peças brilhantes, agrupadas em torno de sessenta menores … É impossível conseguir reproduzir outra gema com características semelhantes.
– Deve ser lindo, sim – disse o viajante – Mas, com muito dinheiro, você não poderia fazer outro?
-A jóia perdida era um dia … E um dia que está perdido, não se encontra de novo … »
Depois dessa história, o que é um dia para você? O que o seu tempo significa? Um minuto é suficiente para deixar uma marca indelével no coração de outra pessoa, escolher o que você quer fazer ou apreciar o que acontece. O importante é estar atento ao momento presente e aproveitá-lo com as pessoas que você quer e do jeito que você gosta, sabendo valorizar também a dedicação para com você dos outros.
Ainda que se perca dinheiro, ele pode ser recuperado, o tempo perdido não retorna. Não desperdice nem gaste o tempo em lamentar por não saber como aproveitar no momento. A partir de agora, aproveite e valorize-o como um dos ativos mais preciosos que existe.

Tempo não se exige, se escolhe

Algumas pessoas não são capazes de perceber o esforço de outras pessoas para tornar sua rotina mais suportável, para dar cor aos seus dias cinzentos ou para querer desfrutar de sua companhia. Há pessoas que vêem como obrigação o que é realmente uma escolha da parte dos outros. Há para quem o tempo dos outros passa despercebido, quem o valoriza como se fosse um tesouro e quem o exige do outro, como se fosse dele.
Cada um de nós está livre de quem e como dedicar seu tempo. Não vamos esquecer que minutos, horas e segundos são fragmentos da nossa vida e ninguém tem o poder de decidir livremente sobre eles.
Dedicar tempo se traduz em se importar, em um ‘te amo’, em oferecer apoio, demonstrar que ama a companhia. Porque definitivamente dedicar tempo é dedicar a vida.
Portanto, não devemos exigir dos outros o tempo, nem temos que mendigar daqueles que só pensam em si mesmos. O tempo não é comprado, trocado ou vendido. Passar tempo com o outro é uma escolha que brota de dentro e nos permite nos conectar emocionalmente com os outros.

O tempo é o maior presente que existe

Valorize quem te escreve, quem fala com você, ouve você, te faz um favor, te acompanha ou lembra de você porque quer, porque gosta de ti, porque sente você. As pessoas que lhe dão o seu tempo entendem que é a melhor coisa que podem lhe dar, pois saber oferecer é falar a linguagem do coração. Agradeça-lhes porque o tempo também oferece a possibilidade de forjar lembranças que mais tarde despertarão sentimentos de alegria, nostalgia e apreço.
Se você traduzir os tempos que os outros passam com você para linguagem afetiva, você entenderá que há mais quem se importa e se preocupa contigo do que você esperava. Por essa razão, valorize cada segundo do tempo que os outros dedicam a você, porque eles estão oferecendo a você o maior presente que existe: parte de sua vida.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

De regresso ao séc. XIX

Cova da Piedade/Almada:
Venha até ao Jardim da Cova da Piedade e sente-se num dos bancos de madeira, de costas para o movimento dos carros da Avenida 23 de Julho.

Neste percurso propomos-lhe recuar cerca de 100 anos no tempo, até uma época em que apenas existia um automóvel na Cova da Piedade.

Aprecie os arabescos do coreto, em ferro forjado, que parecem uma renda finíssima que alguém teceu na dureza do metal. Este trabalho é característico da Arquitectura do Ferro (séc. XIX).

                                         Jardim Cova da Piedade_Coreto
O coreto para o qual está a olhar recorda a Batalha da Cova da Piedade (1833): depois de uma caminhada a pé desde o Algarve, os Liberais enfrentaram os Miguelistas nesta freguesia. E apesar da desvantagem numérica, os apoiantes de D. Pedro ganharam esta luta e embarcando de Cacilhas para Lisboa. Na capital deu-se a derradeira vitória dos Liberais. Os nomes das avenidas 23 de Julho (Cova da Piedade) e 24 de Julho (Lisboa) assinalam exactamente o percurso da vitória liberal.

Jardim Cova da Piedade_canteiros em flor
Quando a indústria dita a arte António José Gomes, um rico e esclarecido industrial da Cova da Piedade, amante das inovações tecnológicas contribuiu para embelezar este largo. O seu Palácio destaca-se dos restantes edifícios do Largo 5 de Outubro.

Caminhe até este edifício, dos finais do séc. XIX, e aprecie alguns dos pormenores construtivos. No alto da sua fachada neoclássica destaca-se uma estátua de uma mulher com um martelo na mão e uma roda dentada por trás de si, uma clara alusão à indústria, actividade que ocupava o proprietário.

As varandas em ferro forjado são outra marca da revolução industrial. A Arte Nova é o novo movimento estético que se caracteriza, ao nível da construção e decoração, pelo uso de novos materiais, entre os quais o metal. O portão lateral do Palácio, o gradeamento do jardim e a escada espiralada nas traseiras do edifício, também são testemunhos deste novo estilo, merecendo um olhar atento.

Um centro operário
Jardim Cova da Piedade_Bancos

Retome ao passeio principal e apaixone-se pela calçada que lhe indica o caminho, em direcção ao “Chalet”. Apesar de ser da mesma época, o Chalet é uma típica casa suíça, de estilo romântico, com telhados em bico, próprio dos países nórdicos. Este Chalet, adquirido pela autarquia, será brevemente transformado na Casa do Professor.

Nas traseiras do Clube Recreativo Piedense repare num edifício “enferrujado”: em tempos foi a fábrica Bucknall & Sons, onde 821 trabalhadores produziam rolhas e aglomerados.
Volte à Rua Tenente Valadim para apreciar um típico bairro operário. As fachadas simples das casas, cada uma na sua cor, marcam o ritmo da rua, com uma sucessão de janelas e portas…

Ao horizontalidade da rua é apenas quebrada pelos silos da Cova da Piedade, ao qual está encostado, do lado esquerdo, a Fábrica de Moagem do Caramujo. Foi mandada construir por António José Gomes, destacando-se por ter sido o primeiro edifício em betão armado do país. Empregava 160 operários, usava a máquina a vapor e produzia 15 000 Kg de farinha por dia.
Igreja Matriz Cova da Piedade_Fachada

Industrial e humanista 
António José Gomes destacou-se não só pela aposta em novas tecnologias mas também pela sua humanidade. Na Cova da Piedade ganhou fama por dar assistência médica e apoio na doença aos seus trabalhadores, medidas vanguardistas para a época.
Também a população beneficiou com a sua acção benemérita: o melhoramento das ruas e do jardim, a aposta numa escola para adultos, a edificação de uma escola primária, a doação de livros e roupa para os mais novos são alguns dos actos por que ainda hoje é recordado.
Se quiser encarar este homem vá até ao jardim e procure o busto que aqui se fez instalar. A um passo está a Igreja Matriz da Cova da Piedade.





Texto-C.M.ALMADA

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Memórias de um passado recente:

Cova da Piedade:..Jardim,onde passar umas horas ao ar livre faz bem.
Até há bem pouco tempo... era assim,tinha instalações sanitárias para crianças e adultos
A imagem pode conter: planta, árvore, ar livre e natureza