Cova da Piedade/Almada:
Venha até ao Jardim da Cova da Piedade e sente-se num dos bancos de madeira, de costas para o movimento dos carros da Avenida 23 de Julho.
Neste percurso propomos-lhe recuar cerca de 100 anos no tempo, até uma época em que apenas existia um automóvel na Cova da Piedade.
Aprecie os arabescos do coreto, em ferro forjado, que parecem uma renda finíssima que alguém teceu na dureza do metal. Este trabalho é característico da Arquitectura do Ferro (séc. XIX).
O coreto para o qual está a olhar recorda a Batalha da Cova da Piedade (1833): depois de uma caminhada a pé desde o Algarve, os Liberais enfrentaram os Miguelistas nesta freguesia. E apesar da desvantagem numérica, os apoiantes de D. Pedro ganharam esta luta e embarcando de Cacilhas para Lisboa. Na capital deu-se a derradeira vitória dos Liberais. Os nomes das avenidas 23 de Julho (Cova da Piedade) e 24 de Julho (Lisboa) assinalam exactamente o percurso da vitória liberal.
Quando a indústria dita a arte António José Gomes, um rico e esclarecido industrial da Cova da Piedade, amante das inovações tecnológicas contribuiu para embelezar este largo. O seu Palácio destaca-se dos restantes edifícios do Largo 5 de Outubro.
Caminhe até este edifício, dos finais do séc. XIX, e aprecie alguns dos pormenores construtivos. No alto da sua fachada neoclássica destaca-se uma estátua de uma mulher com um martelo na mão e uma roda dentada por trás de si, uma clara alusão à indústria, actividade que ocupava o proprietário.
As varandas em ferro forjado são outra marca da revolução industrial. A Arte Nova é o novo movimento estético que se caracteriza, ao nível da construção e decoração, pelo uso de novos materiais, entre os quais o metal. O portão lateral do Palácio, o gradeamento do jardim e a escada espiralada nas traseiras do edifício, também são testemunhos deste novo estilo, merecendo um olhar atento.
Um centro operário
Retome ao passeio principal e apaixone-se pela calçada que lhe indica o caminho, em direcção ao “Chalet”. Apesar de ser da mesma época, o Chalet é uma típica casa suíça, de estilo romântico, com telhados em bico, próprio dos países nórdicos. Este Chalet, adquirido pela autarquia, será brevemente transformado na Casa do Professor.
Nas traseiras do Clube Recreativo Piedense repare num edifício “enferrujado”: em tempos foi a fábrica Bucknall & Sons, onde 821 trabalhadores produziam rolhas e aglomerados.
Volte à Rua Tenente Valadim para apreciar um típico bairro operário. As fachadas simples das casas, cada uma na sua cor, marcam o ritmo da rua, com uma sucessão de janelas e portas…
Ao horizontalidade da rua é apenas quebrada pelos silos da Cova da Piedade, ao qual está encostado, do lado esquerdo, a Fábrica de Moagem do Caramujo. Foi mandada construir por António José Gomes, destacando-se por ter sido o primeiro edifício em betão armado do país. Empregava 160 operários, usava a máquina a vapor e produzia 15 000 Kg de farinha por dia.
Industrial e humanista António José Gomes destacou-se não só pela aposta em novas tecnologias mas também pela sua humanidade. Na Cova da Piedade ganhou fama por dar assistência médica e apoio na doença aos seus trabalhadores, medidas vanguardistas para a época.
Também a população beneficiou com a sua acção benemérita: o melhoramento das ruas e do jardim, a aposta numa escola para adultos, a edificação de uma escola primária, a doação de livros e roupa para os mais novos são alguns dos actos por que ainda hoje é recordado.
Se quiser encarar este homem vá até ao jardim e procure o busto que aqui se fez instalar. A um passo está a Igreja Matriz da Cova da Piedade.
Texto-C.M.ALMADA
Quando a indústria dita a arte António José Gomes, um rico e esclarecido industrial da Cova da Piedade, amante das inovações tecnológicas contribuiu para embelezar este largo. O seu Palácio destaca-se dos restantes edifícios do Largo 5 de Outubro.
Caminhe até este edifício, dos finais do séc. XIX, e aprecie alguns dos pormenores construtivos. No alto da sua fachada neoclássica destaca-se uma estátua de uma mulher com um martelo na mão e uma roda dentada por trás de si, uma clara alusão à indústria, actividade que ocupava o proprietário.
As varandas em ferro forjado são outra marca da revolução industrial. A Arte Nova é o novo movimento estético que se caracteriza, ao nível da construção e decoração, pelo uso de novos materiais, entre os quais o metal. O portão lateral do Palácio, o gradeamento do jardim e a escada espiralada nas traseiras do edifício, também são testemunhos deste novo estilo, merecendo um olhar atento.
Um centro operário
Caminhe até este edifício, dos finais do séc. XIX, e aprecie alguns dos pormenores construtivos. No alto da sua fachada neoclássica destaca-se uma estátua de uma mulher com um martelo na mão e uma roda dentada por trás de si, uma clara alusão à indústria, actividade que ocupava o proprietário.
As varandas em ferro forjado são outra marca da revolução industrial. A Arte Nova é o novo movimento estético que se caracteriza, ao nível da construção e decoração, pelo uso de novos materiais, entre os quais o metal. O portão lateral do Palácio, o gradeamento do jardim e a escada espiralada nas traseiras do edifício, também são testemunhos deste novo estilo, merecendo um olhar atento.
Um centro operário
Retome ao passeio principal e apaixone-se pela calçada que lhe indica o caminho, em direcção ao “Chalet”. Apesar de ser da mesma época, o Chalet é uma típica casa suíça, de estilo romântico, com telhados em bico, próprio dos países nórdicos. Este Chalet, adquirido pela autarquia, será brevemente transformado na Casa do Professor.
Nas traseiras do Clube Recreativo Piedense repare num edifício “enferrujado”: em tempos foi a fábrica Bucknall & Sons, onde 821 trabalhadores produziam rolhas e aglomerados.
Volte à Rua Tenente Valadim para apreciar um típico bairro operário. As fachadas simples das casas, cada uma na sua cor, marcam o ritmo da rua, com uma sucessão de janelas e portas…
Ao horizontalidade da rua é apenas quebrada pelos silos da Cova da Piedade, ao qual está encostado, do lado esquerdo, a Fábrica de Moagem do Caramujo. Foi mandada construir por António José Gomes, destacando-se por ter sido o primeiro edifício em betão armado do país. Empregava 160 operários, usava a máquina a vapor e produzia 15 000 Kg de farinha por dia.
Ao horizontalidade da rua é apenas quebrada pelos silos da Cova da Piedade, ao qual está encostado, do lado esquerdo, a Fábrica de Moagem do Caramujo. Foi mandada construir por António José Gomes, destacando-se por ter sido o primeiro edifício em betão armado do país. Empregava 160 operários, usava a máquina a vapor e produzia 15 000 Kg de farinha por dia.
Industrial e humanista António José Gomes destacou-se não só pela aposta em novas tecnologias mas também pela sua humanidade. Na Cova da Piedade ganhou fama por dar assistência médica e apoio na doença aos seus trabalhadores, medidas vanguardistas para a época.
Também a população beneficiou com a sua acção benemérita: o melhoramento das ruas e do jardim, a aposta numa escola para adultos, a edificação de uma escola primária, a doação de livros e roupa para os mais novos são alguns dos actos por que ainda hoje é recordado.
Se quiser encarar este homem vá até ao jardim e procure o busto que aqui se fez instalar. A um passo está a Igreja Matriz da Cova da Piedade.
Texto-C.M.ALMADA
Texto-C.M.ALMADA
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