quarta-feira, 29 de junho de 2022

Farol do Cabo Espichel:

 Durante muitos séculos, a costa portuguesa foi conhecida pelos navios estrangeiros, sobretudo os ingleses, como a “costa negra”, pois não existia qualquer sistema de iluminação que ajudasse à navegação. No final do século XVIII, o Marquês de Pombal mandou construir uma rede de faróis que a tornassem mais segura, entre os quais o do Cabo Espichel, um dos mais antigos de Portugal, construído em 1790.



Mais de duzentos anos depois, o Farol mantém a sua função e, para além disso, é um autêntico símbolo do Cabo Espichel. A sua abertura ao público, uma vez por semana, por iniciativa da Marinha Portuguesa, é uma forma de contar a história do local e afirmar a nossa relação com o mar. 

Admirar a paisagem do alto da torre de 32 metros é, por si só, uma experiência única que vale os 135 degraus de pedra e 15 de ferro que é preciso subir para lá chegar, mas ao longo do roteiro há muito mais para descobrir. 

A uma altitude de 168 metros a partir do nível do mar, o Farol do Cabo Espichel tem um alcance luminoso de 26 milhas, aproximadamente 48 quilómetros, e produz uma luz branca que em cada 12 segundos emite três relâmpagos. O aparelho ótico, mais pequeno que o original, é composto também por painéis aeromarítimos, que produzem luz, não só para o horizonte, como também para o céu. 


Na torre podem ainda observar-se as máquinas que funcionavam a vapor de petróleo, e que em 1883 substituíram os candeeiros de Argand, alimentados a azeite, e o antigo sistema de relojoaria, que em caso de avaria dos motores está pronto para entrar em ação. 

No final do século XIX recebeu o primeiro sinal sonoro, um sino acionado mecanicamente que, mais tarde, com a chegada da eletrificação, foi trocado por uma sereia de ar comprimido, que ainda se pode ver no local, apesar de desativada. Em 1989, o equipamento passou a ser totalmente autónomo. 

Apesar de toda a ajuda eletrónica existente para a navegação, a luz do Farol ainda é preciosa para quem anda no mar. Os pescadores de Sesimbra guiam-se não só pela luz como também pelo próprio edifício. Com a evolução tecnológica visual e sonora que se verificou ao longo das décadas, a rotina dos faroleiros também sofreu alterações. No entanto, tal como a luz do Farol, a sua presença é indispensável, não só em caso de avaria mas também em relação à manutenção do espaço. 

Desde 2011, que, a par de outros 29 edifícios propriedade da Marinha, o farol do Cabo Espichel está aberto ao público, uma vez por semana, para visitas guiadas, que dão a conhecer a missão dos faróis e as funções dos faroleiros, divulgando um espólio com grande valor cultural e histórico.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Quinta da Cardiga - Golegã

 A Quinta da Cardiga é uma velha quinta apalaçada situada na Golegã. A doação da Quinta da Cardiga à Ordem dos Templários foi efetuada em 1169 por D. Afonso Henriques, para arroteamento e cultivo.



Extinta esta Ordem, passou para o domínio da Ordem de Cristo, que aí edificou uma granja de veraneio (c. 1540-1542). O projeto do conjunto da quinta (incluindo o palacete, o celeiro, a capela e o claustro), é atribuído à traça do arquiteto João de Castilho. Tendo pertencido aos frades do Convento de Cristo tem ainda hoje como símbolo da casa a Cruz de Cristo. O conjunto arquitectónico é interessante pela mistura de estilos, a que não falta uma torre e um portal manuelino. Segundo reza nas Histórias da Família, Nicola Kovacich, natural de Ragusa, chegou a Portugal com treze anos sem saber uma palavra de português. Com o fruto do seu trabalho conseguiu arranjar uma boa casa e tornou-se dono de uma importante fábrica de cordoaria no Barreiro. Emília Firmina, sua filha, casou com José Lamas de quem teve onze filhos. José Lamas, descendente de António Gonsalves de Sousa veio de Lamas d’Orelhão trabalhar para Lisboa muito novo.


Foi por duas vezes à Índia a serviço de seu patrão, quando regressou investiu as suas economias numa pequeníssima loja onde vendia chá da Índia, ensinando a fazê-lo. Foi a primeira loja em Portugal onde se vendia chá. Só se podia comprá-lo nas farmácias. Aumentou o seu negócio comprando uma pequena fábrica de sola na Junqueira. Devido a ser de Lamas, foi com este nome que se tornou conhecido e, com o tempo, o apelido Gonsalves de Sousa, foi substituído pelo "Lamas". A sua filha mais velha chamava-se Maria Luiza Covachic Lamas. Esta adorava ópera, bons concertos e a vida de sociedade, na qual fora criada em solteira. António Zagallo Gomes Coelho filho de Rosa de Oliveira Zagallo e de António Gomes Coelho, natural de Ovar, morava com seus pais na casa, onde Júlio Dinis, sobrinho deles, veio a escrever As Pupilas do Senhor Reitor. Formou-se em medicina e veio exercer para Vila Nova da Barquinha para um lugar que estava vago. No entanto, após ter herdado juntamente com sua mulher Maria Luiza Covachic Lamas, a Quinta da Cardiga, dedicou-se a geri-la a tempo inteiro. Em 1892, juntamente com a mulher e quatro filhos, foram viver para a Atalaia, para uma casa que compraram em frente da Igreja Matriz, tendo-a mobilado com os móveis, roupas e loiças trazidas da Quinta da Cardiga. Entretanto, a quinta foi vendida aos actuais proprietários.



O Castelo da Cardiga, localizado na actual Quinta da Cardiga, foi doado à Ordem dos Templários em 1165 por D. Afonso Henriques. Mais tarde, tornou-se uma quinta, no Concelho da Golegã, com casas de habitação com jardim, horta, capela, cavalariças, cocheiras, casas para criados, albergarias, lagar e outras oficinas e dependências. A Quinta da Cardiga, juntamente com o castelo de Ozêzere, a torre da Atalaia e o Castelo de Almourol eram postos de vigia da milícia do Templo. Tal importância tinha a Quinta da Cardiga que em 1550, D. João III autorizou o seu irmão a proceder à mudança do percurso do rio Tejo, fazendo-o passar pela Cardiga. Em 1580, Filipe II, vindo das Cortes de Tomar a caminho de Lisboa, descansa na Cardiga. Entre várias compras que fez, António Zagallo Gomes Coelho, comprou o palacete dos Condes da Atalaia - actualmente Casa do Patriarca, o Casal das Freiras entre a Golegã e a Cardiga, e foi ele quem começou as primeiras construções no Entroncamento, para alugar as casas aos ferroviários. A título de curiosidade, no contrato de arrendamento dava uma bonificação de um mês a quem lhe pagasse a renda atempadamente. A Quinta da Cardiga é hoje uma das mais notáveis propriedades do País.



Créditos - João Carlos Silveira


domingo, 26 de junho de 2022

China: descoberta de um abismo gigante abrigando uma floresta primitiva:

 Em geologia, um carste é um maciço calcário no qual a água cavou muitas cavidades. Pode formar estruturas particulares, como dolinas (ou abismos) ou desfiladeiros. Na sexta-feira, 6 de maio, uma equipe de cientistas chineses descobriu um novo sumidouro gigante de carste no condado de Leye, no sul da China. No interior há uma floresta primitiva bem preservada, com árvores de quarenta metros de altura.



O sumidouro gigante foi identificado na Região Autônoma de Guangxi (no condado de Leye), sul da China. Nesta área, nada menos que trinta abismos já foram descobertos. De acordo com o National Cave and Karst Research Institute (NCKRI) nos Estados Unidos, isso não é surpreendente, porque o sul da China tem topografia cárstica: um terreno fértil para sumidouros espetaculares.

Estas paisagens cársticas são formadas principalmente pela dissolução repetida da rocha inicial. Ligeiramente ácida, a água da chuva torna-se cada vez mais ácida ao absorver o dióxido de carbono à medida que passa pelo solo. Ele escorre, corre e depois flui através de rachaduras na rocha, alargando-as lentamente ao longo do tempo. Se a câmara subterrânea se tornar grande o suficiente, o teto pode desmoronar gradualmente, criando enormes abismos e cavernas.

Encontrados principalmente na China, México e Papua Nova Guiné, grandes dolinas são conhecidas pelo nome chinês de Tiankeng (“poço celestial”). ” Devido a diferenças locais na geologia, clima e outros fatores, a forma como o carste aparece na superfície pode ser dramaticamente diferente “, disse o diretor do NCKRI em comunicado . ” Então, na China, você tem esse carste visualmente espetacular com enormes sumidouros e entradas de cavernas gigantes e assim por diante. Em outras partes do mundo, você anda no carste e realmente não percebe nada. Os sumidouros podem ser bastante discretos, com apenas um ou dois metros de diâmetro. As entradas para cavernas podem ser muito pequenas, então você tem que se espremer por elas .”

Um “oásis de vida” com árvores centenárias e reservas subterrâneas de água

Mais detalhadamente, o sumidouro descoberto tem 306 metros de comprimento, 150 metros de largura e 192 metros de profundidade, e seu volume ultrapassa 5 milhões de metros cúbicos. De acordo com Zhang Shuanhou, engenheiro sênior do Instituto Shaanxi de Investigação Geológica, um sumidouro é considerado “grande” se seu diâmetro estiver entre 300 e 500 metros, e “super grande” se seu diâmetro for superior a 500 metros.

Dentro do grande sumidouro, os espeleólogos descobriram três entradas de cavernas, densas plantas de sombra que chegam até os ombros e árvores antigas com quase quarenta metros de altura. De fato, cavernas e abismos cársticos podem apresentar um ecossistema real, e também são um canal para aquíferos subterrâneos (ou reservas profundas de água subterrânea). Constituiriam a única ou principal fonte de água para 700 milhões de pessoas no mundo, mas são facilmente acessíveis e drenadas… ou poluídas.

Os pesquisadores ainda relatam que não ficariam surpresos que várias espécies de mamíferos e insetos encontrados nessas cavernas nunca tenham sido relatadas ou descritas pela ciência até agora.

Fonte: Trust my science