segunda-feira, 27 de junho de 2022

Quinta da Cardiga - Golegã

 A Quinta da Cardiga é uma velha quinta apalaçada situada na Golegã. A doação da Quinta da Cardiga à Ordem dos Templários foi efetuada em 1169 por D. Afonso Henriques, para arroteamento e cultivo.



Extinta esta Ordem, passou para o domínio da Ordem de Cristo, que aí edificou uma granja de veraneio (c. 1540-1542). O projeto do conjunto da quinta (incluindo o palacete, o celeiro, a capela e o claustro), é atribuído à traça do arquiteto João de Castilho. Tendo pertencido aos frades do Convento de Cristo tem ainda hoje como símbolo da casa a Cruz de Cristo. O conjunto arquitectónico é interessante pela mistura de estilos, a que não falta uma torre e um portal manuelino. Segundo reza nas Histórias da Família, Nicola Kovacich, natural de Ragusa, chegou a Portugal com treze anos sem saber uma palavra de português. Com o fruto do seu trabalho conseguiu arranjar uma boa casa e tornou-se dono de uma importante fábrica de cordoaria no Barreiro. Emília Firmina, sua filha, casou com José Lamas de quem teve onze filhos. José Lamas, descendente de António Gonsalves de Sousa veio de Lamas d’Orelhão trabalhar para Lisboa muito novo.


Foi por duas vezes à Índia a serviço de seu patrão, quando regressou investiu as suas economias numa pequeníssima loja onde vendia chá da Índia, ensinando a fazê-lo. Foi a primeira loja em Portugal onde se vendia chá. Só se podia comprá-lo nas farmácias. Aumentou o seu negócio comprando uma pequena fábrica de sola na Junqueira. Devido a ser de Lamas, foi com este nome que se tornou conhecido e, com o tempo, o apelido Gonsalves de Sousa, foi substituído pelo "Lamas". A sua filha mais velha chamava-se Maria Luiza Covachic Lamas. Esta adorava ópera, bons concertos e a vida de sociedade, na qual fora criada em solteira. António Zagallo Gomes Coelho filho de Rosa de Oliveira Zagallo e de António Gomes Coelho, natural de Ovar, morava com seus pais na casa, onde Júlio Dinis, sobrinho deles, veio a escrever As Pupilas do Senhor Reitor. Formou-se em medicina e veio exercer para Vila Nova da Barquinha para um lugar que estava vago. No entanto, após ter herdado juntamente com sua mulher Maria Luiza Covachic Lamas, a Quinta da Cardiga, dedicou-se a geri-la a tempo inteiro. Em 1892, juntamente com a mulher e quatro filhos, foram viver para a Atalaia, para uma casa que compraram em frente da Igreja Matriz, tendo-a mobilado com os móveis, roupas e loiças trazidas da Quinta da Cardiga. Entretanto, a quinta foi vendida aos actuais proprietários.



O Castelo da Cardiga, localizado na actual Quinta da Cardiga, foi doado à Ordem dos Templários em 1165 por D. Afonso Henriques. Mais tarde, tornou-se uma quinta, no Concelho da Golegã, com casas de habitação com jardim, horta, capela, cavalariças, cocheiras, casas para criados, albergarias, lagar e outras oficinas e dependências. A Quinta da Cardiga, juntamente com o castelo de Ozêzere, a torre da Atalaia e o Castelo de Almourol eram postos de vigia da milícia do Templo. Tal importância tinha a Quinta da Cardiga que em 1550, D. João III autorizou o seu irmão a proceder à mudança do percurso do rio Tejo, fazendo-o passar pela Cardiga. Em 1580, Filipe II, vindo das Cortes de Tomar a caminho de Lisboa, descansa na Cardiga. Entre várias compras que fez, António Zagallo Gomes Coelho, comprou o palacete dos Condes da Atalaia - actualmente Casa do Patriarca, o Casal das Freiras entre a Golegã e a Cardiga, e foi ele quem começou as primeiras construções no Entroncamento, para alugar as casas aos ferroviários. A título de curiosidade, no contrato de arrendamento dava uma bonificação de um mês a quem lhe pagasse a renda atempadamente. A Quinta da Cardiga é hoje uma das mais notáveis propriedades do País.



Créditos - João Carlos Silveira


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